A educação move o Mundo! Os animais, agradecem!
Olá pessoal. Recentemente minha turma da faculdade (Medicina Veterinária) foi convidada a realizar um trabalho de educação para a Guarda Responsável em uma escola municipal de primeiro grau (pré escola até 5º ano). Bem, quem me conhece sabe, crianças e eu não somos exatamente “compatíveis”…crianças na minha opinião são seres um tanto assustadores e confesso que me sinto muito mais à vontade quando uma distância de pelo menos 10 metros entre nós é respeitada. Mas como a proposta envolveu educar para a Guarda Responsável e principais cuidados com os animais de estimação, senti que poderia ser uma ótima oportunidade de mudar algumas cabecinhas, e encarei como um desafio. Pois bem, decisão tomada, formamos um pequeno grupo de 6 alunos e começamos a preparar o material. A proposta era educar, tirar dúvidas, orientar, falar sobre zoonoses e cuidados de higiene e saúde de cães e gatos. Fizemos um folder…bem claro e objetivo. Desenhos para colorir, oficina de redação e painel com colagens de imagens sobre animais. Também confeccionei um cartaz sobre as principais zoonoses que cães e gatos podem transmitir para as crianças e como evitá-las. E com tudo pronto, encaramos o desafio e fomos até a escola!
Era um sábado de manhã. Chegando lá, a tensão aumentou. Logo de cara vimos algumas crianças chegando na escola, estavam agitadas e corriam umas atrás das outras. Uma delas, um garoto de cerca de 10 anos de idade estava com uma pedra enorme atirando nos outros. Gelei. Temi por nós, pelos carros, comecei a imaginar coisas…o trabalho que teríamos pela frente: 50 crianças enlouquecidas gritando e empurrando umas às outras e nós, em vão, lutando para conseguir mantê-las em silêncio e pelo menos sentadas. Oficinas? Nem pensar, como conseguiríamos “domá-los” para que fizessem as tarefas propostas? Parecia uma tarefa impossível….Mas já não dava mais para desistir, a única solução era seguir em frente.
Resolvemos então entrar na escola, onde as professoras já estavam nos esperando. Fomos excepcionalmente bem recebidos, o que nos acalmou um pouco. A escola era simples, mas aconchegante e agradável. No pátio, cerca de 60 cadeiras, uma mesa com o computador e o projetor, além de um microfone para conversarmos com os pequenos. Microfone? Ah, sim…eu mal sabia se conseguiria ficar frente à eles, quanto mais usar um microfone para interagirmos melhor. Aos poucos fomos conhecendo a escola e as crianças foram chegando. As professoras nos agradeceram por estar ali e nos parabenizaram pela nossa proposta, que segundo ela, nunca tinha sido realizada na escola antes. Aos poucos, confesso, fui me empolgando e a motivação cresceu. Fomos nos soltando, nos entrosando. Arrumamos o material educativo, testamos a apresentação no computador e aguardamos até que todos estivessem sentados e prontos para começarmos.
De repente estavam todos sentadinhos ali, cerca de 40 crianças entre 5 e 12 anos. Algumas mães vieram também, e as professoras acomodaram o pessoal. Todos estavam empolgados e pareciam extremamente curiosos, o que para nós só podia ser bom. Começamos a conversar com eles…na verdade era um teste, para saber qual seria a recepção da galerinha. A princípio tudo ok, resolvemos usar o microfone para falarmos mais alto caso fosse necessário. Uma das colegas começou a falar, explicando o porquê da nossa visita e qual era o nosso objetivo ali. A palestra foi fluindo e eles começaram a interagir. Começou a ficar bom e finalmente estávamos completamente à vontade.
Aos poucos eles também ficaram totalmente à vontade, o que me surpreendeu. Ao invés de gritos, bagunças e conversas colaterais, empolgação, declarações e perguntas curiosas: “Tia, porque dar banho?” ; “O que é castrar?” ; “Cachorro na rua só com guia, senão ele é atropelado, né tia??!!“; “Eu amo o meu gatinho, e cuido bem dele!“…e por aí foi. Não é que estava dando certo? eles participaram o tempo todo. Perguntaram muito. Demonstaram interesse, foram educados e calmos. (Nem pareciam crianças, rsrs).
Continuamos a palestra, e eles participaram muito. Foi maravilhoso, pois eles não só compreenderam tudo o que falamos, como interagiram o tempo todo. Contaram experiências, conversaram conosco, tiraram dúvidas, sempre educadamente e em ordem. As professoras e as mães que estavam presentes também participaram de toda a palestra com comentários e perguntas. Quando acabamos, recebemos uma salva de palmas e um monte de carinhas sorridentes. Passamos então para a segunda parte de “plano”: as oficinas. Dividimos o grupo em dois subgrupos (dos maiores e dos melhores) e fomos para as salas de aula. A proposta para os mais velhos era redigir um pequeno texto sobre o que eles tinham aprendido naquela manhã. E para os mais novos, desenhos de animais para colorir!
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Deu super certo, novamente eles nos surpreenderam e participaram ativamente das atividades propostas. Mais dúvidas surgiram…”o que fazer com os cães que estão na rua?“; “porque é importante castrar?“; “porque jamais devemos abandonar nossos animais” entre outras questões foram levantadas por eles. Nas redações, histórias sobre seus próprios animais e a importância de cuidar bem deles. Foi muito legal ver que eles não só entenderam as explicações, como as guardaram e estavam aptos a passá-las adiante. Todos enfatizaram o cuidado com saúde e higiene dos animais. Todos destacaram que lugar de animal não é nas ruas, e sim dentro do pátio, em casa. Nenhum aluno deixou de escrever seu texto, e no final, todos leram em voz alta na frente da turma! Quando terminamos, fizemos um lanche e finalizamos construindo dois painéis, um das crianças maiores e outro das menores.
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No final da manhã, qual não foi a nossa surpresa ao descobrirmos que nossa visita na escola foi um verdadeiro sucesso. Adoramos. Naquele momento queríamos fazer mais, queríamos voltar, queríamos ir em outras escolas, não parar por ali. Ver a empolgação daquelas crianças, das mães e professoras foi maravilhoso. É muito interessante trabalhar com pessoas que não só compreendem como compartilham informações que podem mudar a vida de muitos cães e gatos pra melhor. Espero que tenhamos outras oportunidades de mudar mentalidades e que estas pessoas mudem outras e outras, e assim por diante. Pois definitivamente é com educação que o mundo avança. E os nossos animais? Só tem a agradecer!!!
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Comments (2)
Ana Paula
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Legal, legal, trabalho muito interessante. Na minha opinião, esse tipo de projeto deveria ser incentivado, essas ações de conscientização deveriam ocorrer de tempos em tempos em todas as escolas. Sabe como é, se educarmos as crianças desde cedo, teremos adultos um pouco mais conscientes…
Parabéns!
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Leonardo
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Obrigado!!!! =)
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