Rss Feed Tweeter button Facebook button Youtube button

Leishmaniose: O cão é a vítima, não o vilão!

Escrito por Lain. Publicado em Animais, Bem Estar Animal, Leishmaniose

Olá pessoal. Hoje quero compartilhar com vocês uma mensagem que recebi e que me deixou extremamente feliz! Há alguns meses atrás recebi um e-mai de um rapaz relatando que seu cão Astor estava diagnosticado com Leishmaniose. Ele pedia por orientação acerca do tratamento, pois Astor, um Rottweiler de 4 anos de idade tinha um significado muito grande para a família. Obviamente que sou a favor do tratamento e estimulo os donos a procurarem ajuda quando sinto que eles terão responsabilidade e comprometimento com o animal. Mas porque tratar, se a recomendação da Portaria interministerial é eutanasiar os cães positivos? Simplesmente porque matar não resolve, e tratar sim!

Antes de continuar, gostaria de esclarecer melhor o meu ponto de vista. A leishmaniose é uma zoonose potencialmente fatal. Vários animais silvestres e domésticos albergam o protozoário, que  através de um vetor (mosquito), fecha o ciclo e transmite a doença ao homem. Um dos reservatórios é o cão. Pelo fato de o cão ser o animal mais próximo do homem, ele é tido como o principal vilão na transmissão da leishmaniose, e em função disso milhares de cães são eutanasiados todos os anos no Brasil.

Quem defende a eutanásia destes animais baseia-se no princípio de que ao exterminar o reservatório, acaba-se com a doença. A própria Portaria Interministerial 1.426 de 11 de Julho de 2008 afirma que:

Considerando que não há, até o momento, nenhum fármaco ou esquema terapêutico que garanta a eficácia do tratamento canino, bem como a redução do risco de transmissão;

Considerando a existência de risco de cães em tratamento manterem-se como reservatórios e fonte de infecção para o vetor e que não há evidências científicas da redução ou interrupção da transmissão;

Considerando a existência de risco de indução a seleção de cepas resistentes aos medicamentos disponíveis para o tratamento das leishmanioses em seres humanos; e

Considerando que não existem medidas de eficácia comprovada que garantam a não-infectividade do cão em tratamento, resolvem: (…)

Dessa forma, de acordo com a supracitada portaria, fica proibido o tratamento da leishmaniose visceral em todo o território brasileiro em cães infectados ou doentes, com produtos de uso humano ou produtos não-registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). É recomendada a eutanásia de todos os cães soropositivos ou doentes a fim de frear o avanço da doença e quabrar a cadeia de transmissão.

Porém, vale ressaltar que a Portaria tem pontos falhos e que não condizem com a realidade. Já foi provado que a eutanásia não se constitui em um método eficiente para frear a doença, pois o cão não é o único reservatório do Leishmania sp. Além disso, o mosquito é peça principal na transmissão, e sem ele o ciclo não ocorre e não tem doença. Portanto, devemos exterminar os mosquitos, e não o cão. Outro ponto que merece consideração é a respeito do tratamento. Se sabe hoje que o tratamento de cães com leishmaniose é efetivo, melhora significativamente a qualidade de vida do animal e quando associado ao uso de medidas preventivas como coleiras repelentes e vacinação,  reduz expressivamente a infectividade. Este texto, escrito pelo Médico Veterinário Prof. André Luis Soares da Fonseca, M.Sc., Abordagens atuais no Tratamento da Leishmaniose Visceral Canina deixa bem claro estes aspectos. Já existem vários estudos que mostram inclusive a eliminação de todas as formas do Leishmania sp do cão, ocorrendo negativação no exame parasitológico, ou seja, o cão deixa de ser reservatório da doença. A vacinação também se constitui em um importantíssimo meio de prevenção, e estudos já mostram que cães vacinados são significativamente menos suscetíveis a contrair e também a transmitir a doença:

• Silva et al. 2001. A phase III trial of efficacy of the FML-vaccine against canine kala-azar in an endemic area of Brazil (São Gonçalo do Amaranto, RN). Vaccine: Esse estudo conclui que 92% dos cães vacinados apresentam proteção quando naturalmente desafiados versus 67% do  grupo controle.
.
• Parra et al. 2007. Safety trial using the Leishmune® vaccine against canine visceral leishmaniasis in Brazil. Vaccine: Esse estudo conclui que 97,3% dos cães vacinados apresentam-se saudáveis após dois anos da vacinação.
.
• Saraiva et al. 2005. The FML-vaccine (Leishmune®) against canine visceral leishmaniasis: A transmission blocking vaccine. Vaccine: Esse estudo conclui que anticorpos de cães vacinados previnem o desenvolvimento das formas promastigotas no flebotomíneo. Assim, a vacina seria bloqueadora de transmissão.

Bem, pontos de vistas devidamente esclarecidos, voltemos ao e-mail em questão. Quando o rapaz me escreveu sobre o Astor, ele estava ansioso e esperançoso de conseguir salvá-lo. Alguns meses se passaram e recebo a seguinte notícia:

Enviado em: qui 15/12/2011 09:39

Para: leotinna@yahoo.com.br

Oi Leo, Tinna, bom dia! Tudo bem com vocês?? lembram do Astor, meu cachorro que estava com Leish e vocês me incentivaram a cuidar dele? eu e minha familia estamos muito felizes, pois ele melhorou! ele toma os remédios diariamente ainda, o veterinário vem de vez em quando pra checar, mas ele está perfeitamente bem! Em anexo segue algumas fotos dele, e fiquem a vontade para colocar no mural sim!!!
Abraços!
Vinicius

Este e-mail me deixou extremamente feliz! É maravilhoso receber esse tipo de notícia e ter a certeza de que estamos no caminho certo, que a informação é a nossa maior arma, que educando e esclarecendo conseguimos mudar conceitos e atitudes. Veterinários, não tenham medo, tratem. Hoje, assim como o Vinícius, já existem muitos proprietários alcançando, mesmo que na justiça, o direito de permanecer com o cão e tratá-lo. Não se omitam, se informem, a omissão e falta de informação é o pior dos problemas. Aos proprietários, tenham em mente que a permanência do cão é um direito seu, que a vigilância sanitária não tem poder de lei para levar o animal à força e que tratar é possível sim e trás uma melhora considerável na qualidade de vida do animal. Portanto se o seu cão tem tanta importância em sua vida quanto tem o Astor na vida do Vinícius, não o mate: TRATE.

Seguem agora algumas fotos do lindo Astor, tratado e curado! Vejam que coisa mais linda!!!! Parabéns, Vinicius, por não ter desistido do seu amigão!

Tags: , ,

Trackback from your site.

Comments (3)

  • Vivi Vieri

    |

    Tem presente melhor que um lindo sorriso desse? Para nós os animais importam!!!
    Ajudem a divulgar o abaixo assinado contra o extermínio de cães com leishmaniose, os animais agradecem!!!
    bjs e muitos lambeijos!!!
    http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N15026

    Reply

  • Vivi Vieri

    |

    Leozinho, deixo aqui um convite para seus seguidores conhecerem nossa comunidade no facebook.
    “LEISHMANIOSE Canina Prefiro Tratar Que Matar”, se gostarem cliquem em curtir e ajudem a divulgar!
    bjs
    Vivi

    Reply

  • mayana pelegrino

    |

    Coisa mais linda de se ver!
    Parabéns pela atitude e valentia em enfrentar e defender seu amicão!

    Reply

Leave a comment

You must be logged in to post a comment.