Homem também transmite a doença
09/05/2010 - Luciana La Fortezza
Homem também transmite a doença.
Há engano entre os leigos de que apenas o cão pode transferir ao ser humano a leishmaniose visceral, diz especialista.
Incorre num engano quem acredita que apenas o cão (por ser reservatório de leishmânia, quando contaminado) pode transmitir ao homem a leishmaniose visceral. Se contaminado, o próprio ser humano pode transmitir para outro, desde que haja por perto um ‘mosquito palha’ como vetor. No Brasil, a doença pode ser transmitida de homem para homem; de homem para animal; de animal para homem; de animal para animal ou ainda entre animais silvestres. Em praticamente todos os casos, a presença do inseto é fundamental.
Segundo o especialista em saúde pública tropical Carlos Henrique Nery Costa, dos dois tipos de leishmaniose visceral no planeta (antroponótica e zoonótica), a última é a que aflige a população brasileira e atinge a maior área geográfica do mundo. Está presente, por exemplo, na Ásia Central, no Oriente Médio, na China, no Sul da Europa e na África.
No entanto, é a antroponótica que mais faz vítimas mundo afora. Causada por uma espécie diferente de leishmânia, ela atinge 90% dos doentes. É transmitida apenas entre pessoas: o ‘mosquito palha’ pica um homem doente e depois pica outro suscetível. “No Brasil, não temos antroponótica, que é a mais comum. Não circula aqui”, informa o médico.
Pelas inúmeras possibilidades de transmissão, o controle da zoonótica parece mais difícil. Até porque o cão seria mais infectante que o homem. Ou seja, no organismo do animal, a leishmânia se reproduziria numa quantidade maior do que no homem. Neste caso, o inseto teria mais chance de se infectar ao picar um cachorro do que ao picar um homem. Os percentuais, no entanto, não são claros para o especialista. Sabe-se também que as crianças são mais infectantes que os adultos.
“Ninguém fez essa comparação um a um. Grosso modo, a gente sabe que os cães são mais infectantes para o flebótomo (mosquito palha) do que os humanos. Mas em compensação, os humanos atraem mais os insetos do que os cães. Uma coisa compensa a outra”, explica Costa. Ele admite como lógico o raciocínio segundo o qual quanto mais reservatórios (seja homem ou animal), maior a chance do ‘mosquito palha’ se contaminar e continuar propagando a doença.
No entanto, reitera a inexistência de evidências científicas que apontem a eutanásia em cães como meio para controlar a leishmaniose visceral.
matéria completa: http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=182554
Dr. Carlos Henrique Nery Costa, é médico, Mestre em Doenças Tropicais em 1982, todos pela Universidade de Brasília, Doutor em Saúde Pública Tropical pela Harvard School of Public Health, em 1997. Supervisor da Residência Médica em Infectologia da Universidade Federal do Piauí desde 1997. Consultor do Ministério da Saúde no Programa de Controle de Leishmanioses e do Programa Nacional de DST/AIDS.
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