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Adoção responsável de um animal - o que muda na vida dele (e na sua também)

Escrito por Silvia Schultz - Médica Veterinária - CRMV - RS 12750 - 11/03/2009 .

A presença de um animal de estimação em casa trás felicidade e bem estar. Bolinhas de pelo alegres, fofinhas e cheias de vida, grandes ou pequenas, brancas, pretas, marrons ou amarelas, pulam e brincam o dia todo como se fossem brinquedinhos com energia infinita. Porém, ao contrário de um brinquedo de verdade, cães e gatos não possuem sistema de liga e desliga. São vidas, e como tais, trazem além de alegria, gastos, preocupações e muito trabalho, e exigem cuidados e atenção ao longo de toda a vida. A aquisição de um animal, portanto, requer planejamento e responsabilidade a fim de proporcionar à ele e seu guardião uma vida longa e feliz juntos.

A escolha de um cão ou gato não é um processo fácil, embora muitas pessoas não acreditem nisso. Estas pessoas normalmente escolhem um animal apenas considerando beleza e porte, esquecendo-se das particularidades de cada raça. Pelos longos que necessitam escovação diária, predisposições à doenças degenerativas, temperamento mais ou menos agitado, comportamentos destrutivos em casa, tamanho maior do que o esperado, necessidade de interação e socialização, adaptabilidade com outros animais, são fatores que dificilmente são levados em consideração, e que mais tarde são responsáveis por altos índices de abandono ao longo da vida do animal.

Gatos persas, por exemplo, sofrem com uma altíssima predisposição à doença do rim policístico, o que fatalmente os leva à morte. Além disso, frequentemente apresentam problemas fúngicos em função do longo pelo. Cães de grande porte podem apresentar displasia coxo-femoral, o que causa extrema dor e pode levar à incapacitação física. Labradores são agitados e frequentemente destroem tudo o que encontram pela frente. Dashounds latem demais, terriers possuem tendências à doenças alérgicas, dálmatas podem nascer surdos e com problemas de visão. Cães agitados e enérgicos não são indicados para apartamentos, a não ser que haja disponibilidade de tempo para passeios diários. Tudo isso e muito mais deve ser levado em conta ao escolhermos o animal que irá conviver conosco por cerca de 15 anos ou mais. Como manejar um comportamento que não é o ideal? Haverá tempo disponível? Haverá paciência? Haverá espaço suficiente? Haverão recursos financeiros para arcar com possíveis procedimentos e tratamentos veterinários? São questões importantes que não devem ser ignoradas.

Por falar em recursos financeiros, a aquisição do animal ideal também é um processo caro. Um bom animal, com saúde impecável e controle de doenças genéticas tem seu preço. Porém o que se vê com bastante frequência são animais adquiridos de feiras, pet shops e criações de fundo de quintal, por preços módicos, sem garantia de saúde e pureza da raça. Animais desmamados precocemente, doentes, com desvios de temperamento, não vacinados, não vermifugados e não castrados, explorados e submetidos à cruzamentos irracionais e indiscriminados.

Mas obviamente que quem deseja um animal de estimação, não necessariamente necessita comprá-lo. A adoção surge como uma ótima opção, trazendo vantagens tanto para o animal quanto para seu novo guardião. Ao adotar um animal, ele tem a chance de ter uma vida digna e feliz. Animais adotados costumam ser gratos e educados, pois já passaram por inúmeras necessidades nas ruas. Também são mais sociáveis, pois convivem com outros animais em abrigos e canis. A adoção de animais abandonados ajuda a combater o comércio de fundo de quintal, diminuindo a exploração econômica de cães e gatos. A adoção de um animal abandonado muda a vida dele para sempre.


Porém não é somente a vida do animal adotado que muda. A vida de seu novo guardião muda também. Neste contexto se encaixa a noção de adoção responsável, onde um animal provoca mudanças significativas na vida e rotina de seu guardião, exigindo cuidados e responsabilidade. Atenção veterinária, disponibilidade de tempo, paciência, companheirismo, consideração por cada detalhe e cada mania. Uns não gostam de ficar sozinhos em casa, outros fazem cocô e xixi no lugar errado, alguns choram durante a noite e há aqueles que latem demais cada vez que a campainha toca. Será necessário abdicar de longas férias fora da cidade, dedicar alguns minutos por dia para passear no parque, brincar de bolinha, rolar no chão e aceitar lambidas molhadas e cheias de carinho. Limpar cocô e xixi e quem sabe até trocar o sofá, gastar dinheiro com guias e coleiras (muitas), babar por todas as novidades na seção de brinquedos-pet e conhecer novas pessoas (preferencialmente que gostem de animais). E para compensar tudo isso, se deliciar com as caras e bocas do seu melhor amigo, que estará crescendo saudável e cheio de energia.

A presença de um animal em casa, portanto, trás muita felicidade. E esta felicidade é ainda maior quando existe, além do amor, respeito e responsabilidade. A adoção de um animal muda a vida dele para sempre e trás mudanças importantes na vida de seu guardião, transformando-a em uma aventura gostosa e cheia de alegrias. Basta querer.

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