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Meu animal está doente! E agora, o que fazer?

Escrito por Silvia Schultz - Médica Veterinária - CRMV - RS 12750 .

Criar um animal de estimação envolve muitas responsabilidades, que vão desde uma alimentação adequada, passeios e higienização até cuidados com sua saúde. E quando falamos em saúde, a última coisa que queremos é que nosso mascote adoeça, pois sabemos que um animal doente trás sofrimento tanto para si quanto para seu guardião, além de gastos e preocupações. Porém, é muito comum nossos pets apresentarem diversos problemas que muitas vezes são negligenciados e acabam evoluindo para situações mais sérias e difíceis de reverter. Por isso é importante uma intervenção rápida diante de qualquer sinal que o animal manifeste a fim de evitar futuras complicações e garantir a saúde e o bem estar de nosso amigo por muitos anos.
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A saúde de nossos pets deve sempre ser considerada prioridade, pois os animais não falam e não podem nos dizer como estão se sentindo. Portanto, é nossa total responsabilidade estar atento à qualquer modificação que eles venham a apresentar, seja esta alteração de ordem orgânica ou comportamental. E para que possamos intervir frente à estes problemas, temos de primeiramente dispor de um médico veterinário de confiança. Somente ele é que poderá avaliar nosso animal e decidir pelo tratamento mais adequado de acordo com o diagnóstico encontrado. A escolha do veterinário que acompanhará o desenvolvimento do nosso pet deve ser uma das primeiras coisas a providenciar, justamente para que tenhamos segurança e tranqüilidade diante de qualquer situação, seja ela de urgência ou não. Além disso, é importante que tenhamos sempre à mão um telefone de contato para emergências bem como endereços e telefones de clínicas veterinárias que atendem 24 horas, pois muitas vezes podemos necessitar destes serviços durante a noite ou em finais de semanas, e na maioria dos casos nosso animalzinho não poderá esperar pela assistência por muito tempo sob risco de sintomas aparentemente simples evoluírem para quadros mais complexos. Vamos ver agora as principais situações que exigem uma intervenção rápida em relação à saúde dos nossos animais:

Sinais que fujam do comportamento normal do animal:

Diversos sinais clínicos como diminuição da atividade normal, prostração, sonolência excessiva, agitação incomum, tremores, agressividade repentina, choros, uivos ou gritos fora do comum devem ser imediatamente investigados a fim de descartar patologias mais sérias. Inapetência (falta de apetite), vômitos, diarréia e qualquer tipo de sangramento também constituem sinais importantes que devem ser considerados, pois podem enfraquecer o animal e levá-lo à um quadro de desidratação rapidamente, principalmente tratando-se de filhotes. Gatos, em especial, não devem ficar muito tempo sem alimentar-se, pois freqüentemente desenvolvem lipidose hepática, uma condição clínica importante que pode levá-los a óbito. Não menos importantes, as alterações nos hábitos urinários, como dificuldade para urinar, hematúria (sangue na urina) ou incontinência podem estar relacionados com problemas renais ou infecções urinárias, patologias relativamente comuns em felinos e que devem ser tratadas rapidamente, do contrário podem evoluir para quadros mais complexos e de difícil tratamento, além de causarem muita dor e sofrimento para o animal. Muitos animais não demonstram dor ou sofrimento, ou se demonstram, o fazem de forma muito sutil, daí a necessidade de estarmos sempre atentos. Todo e qualquer sinal ou sintoma observado nos animais que fuja da sua normalidade deve ser investigado e tratado por um médico veterinário, pois quanto mais cedo for feito o diagnóstico correto e o tratamento iniciado, melhor e mais rápida será a recuperação do nosso mascote.

Doenças Infecto-contagiosas:

Outro problema que tira o sono de muito guardião são as temidas doenças infecto-contagiosas, tais como a cinomose, parvovirose, leptospirose, raiva entre outras, que normalmente são de rápida evolução e podem levar o animal à óbito ou deixarem seqüelas irrecuperáveis. Estas doenças podem ser quase que totalmente prevenidas com a vacinação de filhotes e adultos (doses iniciais e reforços anuais). Um protocolo vacinal ético e bem feito oferece uma garantia de proteção de aproximadamente 95%, diminuindo consideravelmente o risco de o animal vir a adoecer. É oportuno salientar que a vacina precisa estar sob rigorosas condições de armazenamento, com temperatura controlada e dentro do prazo de validade, devendo ser aplicada exclusivamente por um médico veterinário após exame clínico do animal, pois animais doentes ou imunodeprimidos não devem ser vacinados sob o risco de virem a desenvolver a doença. Portanto, jamais devemos levar nossos pets para serem vacinados em casas agropecuárias, pet shops ou feirinhas de animais, pois nestes locais, de um modo geral, não teremos profissionais habilitados para avaliar e determinar se nosso animal está apto a ser vacinado. Isto pode colocar a vida de nosso amigo em risco, e as chances dele vir a se contaminar com doenças graves e fatais serão bem maiores.

Doenças transmitidas por ectoparasitas:

Além destas já citadas, várias outras doenças podem acometer nossos pequenos, como aquelas transmitidas por ectoparasitas como pulgas e carrapatos. A erlichiose e a babesiose canina, por exemplo, são doenças transmitidas por carrapatos e que podem causar a morte se não tratadas rapidamente. Para evitá-las, é importante mantermos nossos pets sempre limpos e livres de pulgas e carrapatos através da aplicação de medicamentos específicos e orientados pelo veterinário bem como fazer um controle ambiental, mantendo limpas as casinhas, caminhas, paninhos e o local onde eles vivem.

Acidentes e envenenamentos:

Os acidentes também são causas freqüentes de visitas ao médico veterinário. Animais que tem acesso as ruas correm um grande risco de atropelamentos, quedas, brigas, envenenamentos e uma série de problemas que podem exigir uma intervenção rápida para evitar complicações mais sérias. No caso de atropelamentos e quedas, a orientação é levar o animal imediatamente para a clínica veterinária, pois não há o que fazer por ele em casa. O mesmo vale para casos de envenenamentos. O tratamento para intoxicações e envenenamentos é específico, e depende em grande parte da droga envolvida. Muitas substâncias, por exemplo, causam depressão ou hiperativação do sistema nervoso central, podendo levar à sonolência ou crises convulsivas. Portanto, não se deve administrar nada por via oral para o pet (como leite ou água), sob o risco de uma bronco-aspiração e conseqüentemente um quadro de pneumonia aspirativa. Outras substâncias têm caráter ácido ou cáustico, podendo causar importantes queimaduras químicas de boca e mucosa, portanto jamais se deve induzir o vômito nestes casos. Nenhum medicamento deve ser administrado sem orientação na tentativa de neutralizar a ação da substância ingerida, pois muitos venenos não possuem antídoto específico. Diante de qualquer caso de envenenamento então, a dica principal é levar o animal rapidamente para uma clínica veterinária, e se possível levar junto o nome, rótulo ou uma amostra da substância ingerida.

Cuidados com os animais idosos:

Além de tudo o que foi falado até aqui, não podemos esquecer ainda que animais idosos devem ter uma atenção especial e acompanhamento veterinário periódico anualmente ou semestralmente se necessário, a fim de diagnosticar precocemente várias patologias que podem ir surgindo com o tempo. Normalmente animais de maior idade começam a apresentar problemas comportamentais que sugerem doenças mais sérias. Sinais como desorientação, agressividade, dificuldade para alimentar-se ou fazer suas necessidades, alterações visuais e auditivas, problemas de pele e pelo, tremores ou convulsões devem ser prontamente investigados e tratados.

Portanto, como pudemos perceber até então, nossos animais de estimação estão sujeitos à várias situações que podem colocar sua vida em risco, e dependem de nós para que uma assistência veterinária eficiente seja implementada o mais rápido possível. Desta forma, não negligencie o sofrimento de seu mascote. Não o deixe em casa, esperando que os sinais diminuam, pois provavelmente isso não acontecerá e ele continuará sofrendo. Da mesma forma, jamais o medique por conta própria ou sob orientação de leigos, mesmo que você julgue conhecer os sinais clínicos e o provável diagnóstico. As conseqüências de uma medicação errada podem ser sérias e trazerem ainda mais danos a saúde do animal, pois cães e gatos são sensíveis à diversos fármacos e podem fazer diversas reações indesejáveis aos medicamentos administrados. Assim, você não somente estará retardando a cura, mas também causando problemas ainda maiores ao organismo de seu pet. Outra dica importantíssima: jamais leve seu animalzinho para consultar em casas agropecuárias, pets shops ou feiras de animais, tampouco peça ajuda em relação à diagnósticos ou tratamentos em fóruns da internet, pois somente um médico veterinário após exame e avaliação ao vivo terá condições de fazer um diagnóstico preciso e entrar com o tratamento adequado, garantindo assim a integridade e o bem estar do seu animal.

Enfim, o que procuramos trazer aqui foram dicas e esclarecimentos acerca das diversas situações que podem comprometer a integridade física e psicológica dos nossos animais de estimação.  Lembre-se sempre que a saúde de seu amigão não tem preço, e que temos não somente a responsabilidade, mas também a obrigação de zelar por nosso mascote, provendo à ele uma assistência veterinária de qualidade, amando-o e protegendo-o, proporcionando assim alegrias e felicidades ao longo de toda a sua vida.

[ Texto escrito por Silvia Schultz - Equipe Portal Nosso Mundo. Proibido a cópia sem prévia autorização ]

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