Riscos da terapia com anticonceptivos orais e injetáveis
Para não procriar, o melhor é castrar!
Conheça os riscos da terapia com anticonceptivos orais e injetáveis.
Muitos guardiões de cadelas ou gatas começam a viver um drama no momento em que o animal entra no período reprodutivo e começa a apresentar as principais manifestações do cio. O cio, ou também chamado de período estral, varia entre as espécies e é a sinalização de que a fêmea está pronta para receber o macho e acasalar. Uma fêmea canina entra em atividade reprodutiva entre 6 e 24 meses de idade, com intervalo interestro de cerca de 7 meses. Já as fêmeas felinas têm sua ovulação induzida pelo macho e iniciam a atividade reprodutiva com cerca de 2 a 2,5 Kg de peso (idade variável entre 6 a 9 meses).
Durante o estro a secreção de estrógenos (hormônios sexuais da fêmea) é máxima, e uma série de modificações físicas e comportamentais ocorre. Na cadela observam-se inchaço da vulva, leve corrimento sanguinolento, micção freqüente e um comportamento mais dócil e carinhoso. Os cios duram em média de 15 a 20 dias, sendo os 9 primeiros dias o período chamado pró-estro, fase onde há o sangramento. Do 9º ao 15º dia é o cio verdadeiro, chamado fase do estro, e é quando a fêmea aceita o macho para cobertura. Algumas cadelas apresentam o cio seco ou silencioso, caracterizado pela falta dos sinais do cio (não há inchaço da vulva nem sangramento). Neste caso o cio apenas poderá ser identificado pelo macho, por citologia vaginal ou por dosagem hormonal. Neste período, os banhos podem ser dados normalmente, porém deve-se ter um cuidado extra durante os passeios pelo risco de acasalamentos. Portanto se a sua cadelinha estiver no cio, não descuide dela um minuto sequer, pois no primeiro encontro com um macho inteiro (não castrado) poderá ocorrer uma cruza indesejada.
Na gata as mudanças são principalmente comportamentais e incluem esfregar-se em objetos e pessoas, rolar-se no chão, comportamento mais dócil e carinhoso, aumento da freqüência urinária, e às vezes urinar em jatos para demarcar território, como os machos. Ela chama a atenção do macho ao entortar a coluna com o rabo para cima, desviar a cauda para um dos lados e mostrar desejo de cruzar. Pode haver perda de apetite neste período.
Muitos guardiões então optam por interromper o cio de sua cadela ou gata a fim de evitar as manifestações desagradáveis ou cruzas indesejáveis. Alguns optam pela castração (OSH – Ovariossalpingo-Histerectomia), outros preferem o uso de anticonceptivos injetáveis, medicações à base principalmente de estrógenos ou andrógenos, que agem suprimindo a atividade do miométrio, inibindo assim o retorno ao cio e a ovulação.
A castração é o método que trás mais benefícios para a fêmea, pois fornece um controle reprodutivo permanente, além de reduzir o risco de câncer de mama em até 90 % se o procedimento for realizado antes do primeiro cio. O risco de câncer de útero e piometria caem para zero, assim como o risco de acasalamentos indesejáveis.
Já em relação ao uso de anticonceptivos injetáveis, a situação é um pouco mais preocupante. Estas medicações são principalmente compostos progesterônicos que agem suprimindo atividade do miométrio, levando à um bloqueio retrógrado do hipotálamo e hipófise e inibindo a secreção de gonadotrofinas, ou seja, reduzem as concentrações circulantes de estrógenos e testosterona. Devem ser administradas exclusivamente no período de anestro, pois dessa forma inibem o retorno ao cio.
Ao serem administradas no período de estro (cio), o risco de efeitos colaterais aumenta consideravelmente em funções das altas taxas de estrógenos circulantes que irão somar-se às taxas existentes na medicação, e assim levando principalmente ao complexo hiperplasia endometrial cística (HEC) e piometra. A piometra é um processo infeccioso uterino com acúmulo de exsudato purulento na luz uterina e contaminação bacteriana. Esse quadro, quando não tratado imediatamente (cirurgia) pode levar à morte. Outros efeitos colaterais importantes do uso dessas medicações incluem desenvolvimento mamário com ou sem lactação, inibição da imunidade uterina, aumento de apetite, alterações comportamentais, teratogênese (alterações embrionárias se a fêmea estiver prenha quando receber a medicação), efeito antagonista da insulina (Diabetes mellitus e/ou acromegalia em uso prolongado).
Ressalta-se ainda que apenas uma dose de determinados compostos progesterônicos pode manter a taxa de estógenos alta durante meses, predispondo ao desenvolvimento de câncer de útero, ovário e mama.
Além dos compostos progesterônicos existem ainda os compostos androgênicos (à base de andrógenos), que da mesma forma que os anteriores, agem prevenindo a atividade ovariana e devem ser administrados exclusivamente na fase de anestro. Seus principais efeitos colaterais incluem hipertrofia de clitóris, comportamento de monta, seborréia, fechamento epifisário precoce (em animais jovens). São contra indicados em animais com anormalidades hepáticas e/ou renais.
Dessa forma, conclui-se que a administração de compostos anticonceptivos acaba trazendo mais riscos e malefícios do que benefícios, predispondo a fêmea à uma série de alterações fisiológicas e patológicas. Além disso, por serem compostos que devem ser administrados exclusivamente durante o período de estro, seu controle terapêutico se torna difícil, uma vez que o período interestro das fêmeas pode ser bastante variável. A castração, portanto, se mostra o método mais eficaz de controle reprodutivo, por ser o único método permanente e que trás o mínimo de efeitos colaterais indesejáveis com o máximo de benefícios.
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