Parvovirose
A parvovirose é uma doença infecto contagiosa descrita na década de 70. Causada pelo Parvovírus canino tipo II, é considerada a doença infecciosa mais importante em cães no mundo inteiro. Acomete quase que exclusivamente filhotes até um ano de idade, sendo de ocorrência rara em cães com mais de dois anos.
Transmissão:
A parvovirose é transmitida pela rota fecal-oral, através das fezes de cães infectados. Para que haja a transmissão, é necessário que o cão saudável tenha contato direto com fezes ou fômites (cama, cobertas, coleiras, etc) do cão doente. Portanto, cães doentes podem compartilhar o mesmo ambiente de cães saudáveis desde que não tenham contato físico entre si.
Patogênese:
O animal ingere a partícula viral, que replica na faringe ou passa pelo intestino e replica nos linfonodos mesentéricos. Nestes locais, do primeiro ao quinto dia pós infecção, o vírus se multiplica e cai na corrente sanguínea, atingindo os órgãos-alvo: medula óssea e intestino. O parvovírus é bastante seletivo e só replica em células com intensa atividade mitótica, ou seja, células que estão em constante multiplicação. Daí a preferência pela medula óssea e intestino. Ocorre lesão e necrose (morte) das células das criptas intestinais, e em função disso o animal não consegue fazer a absorção dos alimentos e água, ocorrendo episódios de diarréia com presença de sangue. Verifica-se ainda neutropenia (queda do nível de neutrófilos) e trombocitopenia (queda do nível de plaquetas) em função da lesão que o vírus causa na medula óssea.
Sinais clínicos:
O animal doente apresenta apatia, anorexia, febre, vômito, diarréia (na maioria das vezes com sangue), desidratação e dor abdominal.
Diagnóstico diferencial:
É importante diferenciar a parvovirose de outras patologias que cursam com sinais clínicos semelhantes, entre elas:
- Enterite por Clostridium perfringens
- Ancilostomose
- Salmonelose
- Hepatite infecciosa canina
- Cinomose
Diagnóstico:
O diagnóstico da parvovirose é feito através dos achados clínicos, laboratoriais (hematológicos) e detecção do antígeno viral. O hemograma auxilia bastante no doagnóstico, pois o vírus afeta a medula óssea e as células sanguíneas deixam de serem produzidas. Dessa forma, o que vemos é uma lesão típica de aplasia medular aguda:
- neutropenia severa, predispondo o animal à infecções secundárias;
- ausência de anemia
- trombocitopenia moderada, predispondo o animal à sangramentos e/ou hemorragias.
Tratamento:
O tratamento da parvovirose é basicamente de suporte, que visa manter o animal vivo até que o vírus complete seu ciclo. Inclui fluidoterapia endovenosa para combater a desidratação e antibióticos para evitar/combater infecções secundárias.
Prevenção:
A prevenção da parvovirose se faz com vacinação, de acordo com o protocolo determinado por cada veterinário. Recomenda-se uma dose inicial aos 60 dias com dois reforços com intervalo de 30 dias, e após reforços anuais. Caso não se tenha conhecimento do status vacinal da mãe, pode-se iniciar o esquema de vacinação aos 45 dias, com dois reforços de 30 em 30 dias e após reforços anuais.
Importante frisar que o Parvovírus, por ser não envelopado, permanece por até 5 meses no meio ambiente, portanto deve-se fazer uma desinfecção rigorosa de fômites com solução de NaClO diluído em água por no mínimo 10 minutos e evitar contato entre cães não vacinados no mínimo até o primeiro reforço e de preferência até completar todo o ciclo vacinal.
Escrito por Silvia Schultz - Graduanda em Medicina Veterinária UFSM - 8° semestre - Todos os direitos reservados, proibido reproduzir sem citar a fonte.
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